Ei, pessoal ,esqueceram de
mim?(apanha)
Eu sei que o blog ficou fora do
ar por bastante tempo, e as férias acabaram com só um texto, então decidi
estender as férias do blog Me against the world até chegarmos ao marco de dez
postagens pelas férias, o que para estarmos fornecendo mais material.
Vamos ao próximo texto. Algo
cotidiano. Terceira pessoa. E nada me vinha à mente. Ótima blogueira a que
vocês estão acompanhando (ou não), não acham? Então eu comecei um livro muito
interessante (autor, me pague que eu faço comercial. Brincadeira, no fim do
post indico o livro) e como nos desenhos animados uma lampadazinha foi acesa e
eu tive uma ideia (ÊEEEEEE eu ainda tenho essa capacidade!). O que melhor para
se falar do cotidiano do que falar do que o ser humano sempre almejou alcançar:
a perfeição?... Sigam-me os bons.
Perfect.
A loirinha arrumou a franja mais
uma vez. Estava irritada. Anos se cuidando, buscando tendências. Buscando a
perfeição. E agora uma desvairada chega, fazendo arruaça, sorrindo, cantando e
apenas...não liga?! Quer dizer... Como assim? Ela não ligava para a perfeição e
ainda tinha capacidade de dizer isso
alto? Ela vinha bêbada para o colégio?
Talvez a mãe tivesse deixado ela cair de cabeça quando ela era criança,
ou algo do tipo.
Louca, maluca, problemática. Como
podia olhar para o espelho e ver o que queria ver? O rosto marcado, os olhos
apertados e o aparelho quase saltando para fora dos dentes brancos. Ela não era
uma aberração, mas tampouco era o tipo que arrancava suspiros. O estranho era o
respeito que alguns davam à ideia. Como assim, a maluca estava certa? Todos
estão buscando a perfeição, certo? Talvez houvesse algum tipo de lavagem
cerebral incluída que fizera com que aquelas pessoas ouvissem. Como as músicas
de algumas bandinhas coloridas.
Mas, na música, a repetição fazia
a lavagem cerebral, e numa conversa. Ela conversava fazendo falsetes? Cantarolando?
A pessoa podia escolher o estilo musical, indo desde rock ‘n roll até country?
Não era uma coisa muito normal. Talvez houvesse um padrão de luzes. Mas uma
conversa em ritmo de discoteca ou num show pirotécnico também não era muito
fácil- não sem uma garrafa de vodka na cabeça(jogada a distância ou bebida, à
critério do freguês.)
Suspirou. Só havia um jeito de
saber com certeza. Falar com a maluca. E rezar para que não fosse contagioso.
Ou, ao menos, não muito. Esfregou as
têmporas. Já estava na hora de parar com a enrolação. Se preparou para todo o tipo de coisa –
exceto para o que viu. A menina pulava alternadamente as pedras do chão, rindo
e quase trombando em algumas pessoas que estavam próximas, também participando
do trajeto. É, agora uma coisa lhe parecia certa. O hospício chegara à cidade.
A loira olhou assustada, os olhos
arregalados, a boca escancarada. “Mas que m é essa?” , a loira pensou, olhando.
A morena reduziu e parou o trajeto, sorrindo e falando um melodioso bom dia,
abraçando a loira e beijando as faces da mesma, sempre sorrindo. “Ok, é uma
maluca bem humorada. Ao menos isso.” A morena piscou e pulou sobre a pessoa
mais próxima, apertando a mão e perguntando sobre como havia sido o final de
semana. Depois quis apresentar a pessoa a loira, parando sem saber o nome de
ambos, acabou por se apresentar, dizendo que se chamava Teresa. E sorrindo ao
saber que o garoto abordado era Gabriel e a loira era Laura. O menino riu. Aparentemente
já estava acostumado a ver a maluca pela área. Logo saiu, acenando para as
duas.
A loira atônita resolveu por fim
acenar. Bom, em Roma, faça como os romanos. E no hospício, como os psicóticos. Em
seguida se viu puxada. A morena ria e puxava a loira para a mesa mais próxima.
A morena sentou, finalmente se aquietando e assumindo uma expressão tranquila,
como se ela não estivesse momentos antes pulando, e sim ali, relaxada, talvez lendo
um livro ou ouvindo uma música. A loira sentou-se e começou a olhar a morena,
pensando em como começar a conversa:
-Bom...
- O que gostaria de perguntar?
-Ok, essa foi...fácil- a loira
piscou assustada- Mas espere, como sabe que vim te perguntar algo?
-E não veio? Achei que tinha
vindo. Se sentou na minha frente- a morena coçou a cabeça. – Achei que vinha
falar ou pedir algo.
- Perguntar...
-E por que não o faz?
A loira abriu a boca e voltou a
fechar. Como perguntar uma coisa dessas. “ Você é maluca, fugiu do hospício ou
tomou uns gorós?” não soava muito educado. Tentou repensar as palavras. Algo
que soasse menos ameaçador – e menos passível de um processo alegando danos
morais.
- Você é...diferente.
- Todos somos.
-
Mas..hum... Você não...geralmente há dois tipos de pessoa, teoricamente.
As que se dizem perfeitas e as que querem ser. Você...não se encaixa nos
grupos.
-Está correta.
-Mas então...?
-Eu gosto de ser imperfeita. Gosto
mesmo.
-Mas...?
´- É mais divertido. Ser perfeito
implica em não ter mais no que evoluir. Se eu souber de tudo, qual a graça de
viver e conversar, sem a descoberta do novo. Se eu for perfeita em educação e
bons modos, vou perder muitas brincadeiras fora de hora que me divertem. Se eu
for perfeita na beleza, vai haver dois tipos de pessoa: as que se aproximam de
mim pela beleza, e as que se afastam, se sentindo menosprezadas. Enquanto eu
for imperfeita, vou sempre conseguir ir mais longe, ser mais esperta, mais
feliz. Eu nunca vou ter um ápice. Nada vai ser impossível. Nunca vou ser
perfeita por conquistar todos os meus sonhos, porque assim que concretizar um,
vou pensar em mais. Ser imperfeita é prosseguir evoluindo, aprendendo, sorrindo
e sonhando.
A loira esboçou um sorriso.
Começava a entender:
-E ninguém é perfeito. Não de
verdade.
-Exato- a morena sorriu – é uma
bela ironia da vida.
-Ironia?
- Sim. Diz que muitos buscam ser
perfeitos. Mas nosso grande trunfo na vida, é que somos todos constituintes de
uma grande imperfeição.
A loira parou para pensar e
sorriu. Quando olhou novamente viu a morena a meio caminho da saída:
- Ora não vai se despedir?
-Não sou boa em despedidas, até
logo.- acenou
- Ora, sua imperfeita!- a loira
riu.
- E se Deus quiser, assim até o
fim da vida.
A loira sorriu feliz assustando
as pessoas ao redor. Ela mesma começou a pular alternadamente os pisos. Já não
se importava em parecer ou não perfeita. Muitos sonhos e planos começaram a
tomar conta da mente dela. Afinal, ela conseguiria tudo aquilo. Não era
perfeita. E isso significava que tinha muito caminho pela frente, e não havia
ponto de chegada. Seu topo era quão alto ela quisesse chegar. E assim é com
todos nós.
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O livro citado anteriormente era “Feios”
de Scott Westerfeld, primeiro livro do que deveria ser uma triologia, mas
acabou sendo uma série composta por quatro livros.
O livro aborda uma realidade bem
posterior a nossa, aonde aos 16 anos as pessoas sofrem uma cirurgia para se
tornarem perfeitas, mas existem efeitos posteriores e grupos de resistência. E
estes acabam descobrindo que a beleza e a promessa de perfeição eram usadas
apenas no intuito de manipulação e contenção das massas. (Ou seja, montes de
pessoas bonitinhas de cérebros lavados, agindo como babacas) Vale a pena
conferir.
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