segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

Temporada de férias!


Bem, bem, as férias chegaram e o blog me against também está em ritmo de férias. Então como nós queremos é nos divertir, está aberta a seção de férias do blog, aonde teremos uma proposta aqui. A proposta é postar contos de terror e comédia. Porque todo mundo gosta de um friozinho na barriga e de umas boas risadas de vez em quando! Então chega de enrolação e em ritmo de férias! Até porque, é bem mais fácil perseguir seus sonhos quando se está feliz! Here we go!
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Dead Or Alive
A garota fechou os olhos e se obrigou a permanecer com os olhos fechados. Essa podia ser uma estória de zumbi comum. Ela poderia tentar dar um tiro na testa da criatura e descobrir se a sabedoria popular estava certa. E, de fato, ela tinha uma arma em mãos. Mais ironicamente ainda, se ela o fizesse, teria funcionado. Muitas vezes humanos perguntam da onde vem a sabedoria popular.
Conhecimento é acumulativo. Na época da alquimia, quando eram abertos ao sobrenatural, há muito tempo atrás, sabiam matar zumbis, lobisomens, vampiros, bestas. Com a chamada “ciência”, em pouco tempo eles se esqueceram, e negaram a existência do sobrenatural. Chamaram os monstros de lendas. Ignoraram a existência, e, pouco a pouco destruíram o saber. Modificaram a sabedoria popular. O zumbi rezado pela lenda, já não era nem mais sombra do real. E eles, que já eram fracos, ficaram mais indefesos ainda, como uma criança que tapa os olhos para não ver o assassino entrar em casa, como se isso fosse, de alguma forma, fazer com que o assassino sumisse.

E na verdade, era isso agora que eles faziam. Fechavam seus olhos inutilmente, crendo que era apenas um pesadelo, ou ao menos, tentando crer. Mas não era por isso que essa garota fechava os olhos. Ela acreditava. Na verdade, o grande problema era que ela conhecia o monstro. E pros humanos parece ser muito mais fácil matar quem não conhece, tirando alguns casos interessantes. Tudo era mais fácil de identificar antes da tecnologia. Antes da inabilidade deles de convívio social. Bastaria um abraço, e ao sentir a pele fria dele, o coração parado, ela saberia que havia algo de errado, ou no mínimo desconfiaria disso.
Eles criaram crenças de que o mal é feio. No mesmo tempo que defendem Darwin, parecem ignorar o que ele ensinou. Pessoas bonitas atraem companhia. Um monstro precisa de pessoas. Monstros precisam ser encantadores. Nesse exato minuto, o zumbi pôs os cabelos para trás e passou a mão pelo rosto, revelando a face levemente acinzentada e as olheiras fundas. Passou a língua pelos dentes que foram, um a um se tornando afiados.
Engraçado como o zumbi havia sido distorcido. Antigamente, se protegiam. Amuletos- métodos de manter uma distância, de atrasar o fim. Por isso a versão “feia” já era utilizada desde de o primeiro ataque, e assim no dia seguinte o zumbi era mais um humano normal, que ninguém vira metido em problemas. Uma pessoa doce, gentil, que se passava por horrorizada quanto a situação. Zumbis realmente comiam os cérebros, mas só depois de outras partes, como o sangue tão quentinho que parecia aquecer o corpo desprovido de uma vida normal. Andava devagar, olhando para os lados. Esperando ataques. Afinal, naquela época ainda tentavam se proteger.
De um modo até engraçado, isso foi distorcido, e quanto mais os humanos negavam a existência, mais distorciam, deixando essas criaturas cada vez menos humanas. Logo eles não andavam com cautela, se rastejavam. Ignoraram o sangue, achavam que a parte do cérebro mais impactante. E viam a parte feia como única. E cada fez mais mudavam a história. Em pouco tempo, o zumbi se pareceu mais com um mero morto do que com um morto vivo. Mas isso era bom. Mais do que nunca, o zumbi estava protegido. Ninguém mais era capaz de detê-lo. Ele estava quase em estado de imortalidade. Estado causado pela própria burrice humana.
A Garota berrou, afinal, o loiro de olhos claros e belo porte que conhecera não se parecia em nada com o monstro a sua frente. Ela voltou a fechar os olhos e o chamou de monstro. O zumbi deu uma longa e calorosa risada:
- Eu sou o monstro? Vocês se enganam, se traem. A própria espécie.  Olham e dão sorrisos de simpatia, diplomacia, e logo começam a vociferar acusações e calúnias. Vocês não são fiéis nem a quem dizem amar. Matam por prazer. Vocês me enojam.
A garota chorava, mas subiu o olhar para o zumbi. Clemência. Ele derrubou-a no chão e olhou para ela:
-Clemência!? É isso que quer?!
-S-sim, q-quero dizer...n-não.
O zumbi a olhou consternado. Ele fora humano. Ele pedira clemência. Ele se enojara ao ver tudo de longe dos hábitos humanos. Ele quisera tirar cada pedaço de humanidade que poderia sobreviver nele. Ele quisera tirar qualquer traço de humanidade que persistisse no mundo.
-Decida-se-O zumbi começou a deixar as unhas e os cabelos crescerem. Logo os  cabelos longos tocavam o chão, e as unhas afiadas se curvavam como garras. Ele encostou uma das unhas na parede ao lado da garota e desceu a mão com facilidade. Uma longa rachadura se formara na parede.- Logo isso vai ser na sua pele. Só que não vai ser tão bonito, não é? Vai escorrer sangue. Sangue vermelho, quente, vivo, nutritivo. Adorável, não?
O som do choro de uma criança ecoou de um quarto próximo. Então a garota que chorava já não era mais tão pura? O zumbi lançou um olhar malicioso para a outra ponta do quarto. A garota agarrou-lhe o braço.
-Como se atreve?! Solte-me sua vadia!-o monstro balançou o braço com força, fazendo a garota ir ao chão.
-Por favor.
-O quê?! Não lhe matar? Ora, não se engane e mantenha parte do seu amor próprio. Ao menos ele vai te fazer companhia na sua cova escura.
-P-pode me matar, só..
-Só?- o zumbi arqueou a sobrancelha.
-Só..d-deixe a criança. V-você diz que nós te enojamos. Mas, ela não fez nada. Ela não pecou, ela...ela é muito nova. O-olha, eu menti, eu sei que fiz, não sou pura, errei muito, mas a criança... ela não fez nada. Por favor. Só...por favor.
O zumbi olhou para a mulher. A garota errara. Mas parecia ser uma boa pessoa. Talvez seu julgamento fosse um pouco... precipitado. Talvez a humanidade não fosse tão ruim. Ele voltou ao normal. Olhou para a garota:
- Eu voltarei dentro de alguns anos, é bom que a sua criança tenha aprendido o mesmo que você.
-Ela terá, ela terá. Mas venha como humano, não a assuste, por favor.
O zumbi não se deu ao trabalho de responder, abrindo a janela e pulando. O zumbi saiu da casa e sorriu maliciosamente. Talvez agora sua missão fosse mais interessante. Os alvos agora estavam mais seletos. Pureza demais lhe dava indigestão, achar maldade de verdade lhe seria um deleite. Comida de primeira. Sorriu mais um pouco. O problema afinal, não era a humanidade, e sim os seres humanos. Lambeu a ponta das garras e soltou uma risadinha abafada. Veria os maus comportados. Um por semana.
Seria bem divertido. E depois de uma semana de julgamento, poria em funcionamento suas garras, presas, seu veneno que descia queimando a corrente sanguínea. Se recompôs e voltou a parecer um bonito e simpático loiro de vinte e poucos anos. Seus amigos estavam por aí, e logo estariam integrados em sua nova missão. Logo estariam todos em vigia. Loiros, morenos, ruivos. Pessoas agradáveis. E você? Ah, espere sua visita. Afinal, você não tem o que temer...ou será que tem?

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