sexta-feira, 24 de junho de 2011

Os olhos de quem vê...

Dois jovens passaram suas vidas guiadas pelo destino que os levou por lugares inimagináveis, passando pelas mais diversas paisagens. Eles viram muitas coisas. E ambos agora estavam em uma pequena cidade do interior aclamados pelo povo que, composto por sonhadores, divagava com grandes áreas banhadas de luz, vida e alegria. Lugares onde os problemas de épocas de seca e de falta de transporte não existiam. Lugares que muitos deles achavam que só iam ver em seus sonhos. Lugares que já representavam a esperança não só de uma vida melhor como o de um mundo melhor. Até porque esses desejos antigos cresciam com os problemas, e logo a violência tomou o lugar da seca nos pesadelos de todos.
Os dois jovens estavam cansados e foram recebidos muito bem pela população que era muito amável e os miravam com olhos esperançosos, como se um dos dois fosse lhes confessar onde ficava a Terra prometida. Onde a dor não existia, onde o sol brilhava alegremente, onde nenhum mal residia. Onde a palavra maldade não assumia um significado sequer. Até as crianças menores esperavam ansiosas. Muitas, crescidas antes da hora, pelos mesmos motivos dos pais, outras apenas pelo sonho de descobrir mais do que seus olhos podiam vislumbrar em seu pedaço de terra que quando comparado ao horizonte lhes parecia finito demais.
Os jovens exibiam sorrisos, ambos cansados, mas também diferentes. Um dos jovens sorria alegremente como se nada houvesse o afetado, o outro sorria tristemente e acariciava de leve a cabeça e o rosto das crianças como se pedisse perdão por não ter boas notícias para dar. Os olhos do mais animado cintilavam a luz com um ar caloroso e confortável. Os do mais triste pareciam levemente apagados e longes, como se tivesse visto coisas que ele gostaria de apagar da memória. Como se desejasse que tais anos não houvessem passado, que nada disso houvesse ocorrido.
Mas os dois calmamente se sentaram,  já ao entardecer, em praça pública rodeados por pessoas de todas as idades.  Sorrisos curiosos, senhoras com bolos, e crianças rindo alto. Até o menos animado pareceu se sentir um pouco melhor e por um momento uma fagulha de esperança lhe iluminou o olhar. Eles esperaram o povo se organizar e as crianças se acalmarem. Agradecerem cada um da forma menos desajeitada que possuía pela ótima recepção e logo o silêncio reinou enquanto  todos apenas esperavam pelos relatos dos rapazes que agora, eram o foco de toda a atenção.
O que parecia infeliz começou a narração com olhos baixos e voz penosa, mas mesmo assim prosseguiu falando:
- Eu vi muita dor, muitas mortes, muita negligência em meu caminho. Eu vi pessoas que sonhavam com mundos mais amplos e vidas mais simples. Sonhavam com dias sem escuridão e sem temor a nada, nem mesmo a morte e que nunca alcançaram seus sonhos. Vi lágrimas derramadas por pessoas inocentes. Vi dias de fome e dias de frio intenso ao relento. Eu infelizmente digo aqui o que realmente vi. Eu infelizmente não fui capaz me mentir-lhes, de dizer-lhes que encontrei  um mundo maravilhoso. Dizer-lhes que além do horizonte, além de onde seus olhos podem alcançar  há algo que faz todos os dias valerem a pena afinal.
O povo se entreolhou tristemente e o jovem que permanecia inabalável abraçou o rapaz que havia narrado. Ele sorriu de forma ainda alegre tentando consolá-lo. Olhou a todos ao seu redor e começou a falar:
- O que eu vi é bem diferente do que ouviram agora. Eu vi pessoas que passavam suas vidas em sonhos alegres de algo melhor. Pessoas que sorriam por conseguir seguir em frente com quem amavam. Pessoas que apenas precisavam do nascer de mais um sol para sentirem que a vida seguia em frente. Pessoas que viam à cada nascer do sol uma nova chance para ser cada dia mais feliz.  Eu sei que nosso mundo é imperfeito. Sei que há dor e que todos passam por grandes provações. Mas no fim nós todos somos amados, todos nós temos o direito da esperança e todos nós nos reerguemos no mínimo uma vez na vida, o que já é o suficiente para sabermos que  se quisermos nós podemos ,e que ,acima de tudo nós devemos nos levantar.
O povo começou a se animar e uma pequena flor começou a brotar entre eles. A flor da esperança. Um dos meninos olhava surpreso, alternava o olhar entre os dois rapazes. Logo elevou a voz e se fez ouvido:-Mas os senhores viram coisas tão diferentes. Como conseguiram passar por lugares tão diferentes?
O mais alegre sorriu levemente , se abaixou bagunçando o cabelo do menino e o olhando nos olhos. Soltou uma leve risada que parecia calma e agradável. O menino o fitava de forma curiosa, mas sorria já afetado pela alegria do homem. 
-Quer mesmo saber, meu menino?
-Sim senhor...- o menino sorria em expectativa
-Aquele moço é meu irmão. Nós apenas seguimos pelos mesmos caminhos.
-Mas como?
-A vida é o que vocês decidem enxergar dela. Em todos os lugares existe o bem e o mal. Eu sei que passei por muita coisa, mas eu estou aqui de pé, com meu irmão ao meu lado e muitos amigos habitando minha memória. Será que a vida então, é tão ruim assim conosco? Eu não creio. Apenas pelo fato de todos os dias o sol nascer e o dia anterior se esgotar. Apenas pelo fato de cada dia ser uma nova página de nossa vida. Já é o suficiente para que eu acredite que cada página dela me pertence, que cada página sou eu que escrevo, que cada página é mais uma esperança para eu ser cada dia mais e mais feliz. E apenas essa minha esperança já me faz feliz. Eu resolvi viver de sonhos e me esforçar para que eu os transforme em realidade, um a um. Mas como vocês querem ver e encarar a vida depende de vocês. Só sinceramente espero que suas escolhas os deixem tão felizes quanto eu.
As pessoas saíram da rua após os viajantes irem embora. Cada qual com seu coração mais leve. Cada qual com mais desejo de viver. Afinal , viver de projetos e de esperanças talvez realmente seja algo que nós, todos nós devêssemos aprender. E quem nos ensinou? Apenas um viajante que não quis deixar seu nome ou endereço. Ele apenas decidiu deixar algo bem mais grandioso. Decidiu deixar mais esperança no coração de todos.

Oi^^

   Bem, primeiramente deixe-me explicar o nome do Blog. Eu simplesmente não sigo muito o que as pessoas esperam dos mais jovens hoje em dia. Quero dizer" nós somos o futuro, nós devemos tentar ser os melhores, os mais fortes, os mais espertos. Os mais ricos. Os mais talentosos."
   Quando não são tais desejos, são os nossos desejos de possuir o tênis mais caro, o celular melhor, a roupa mais bonita. Eu não tenho tais ambições. Quero dizer, do que me adianta a roupa mais cara, a inteligência mais prezada, se eu não tenho caráter algum? A roupa de nada me adianta, ela não muda, e nem seria capaz de forma alguma mudar, quem eu sou e como me sinto. Do que me adiantaria buscar a maior inteligência, se não soubesse como usá-la para o bem e de forma a fazer a mim mesma e as pessoas ao meu redor felizes?
  O talento que busco em primeiro lugar é, e sinto que sempre será, o talento de ser feliz. De viver dia após dia. Celulares quebram. Roupas rasgam. Dinheiro se vai. Reconhecimento só vigora enquanto não aparece alguém melhor. Mas e a felicidade? Ter o talento de obtê-la nos toma de tal forma que passamos pelos problemas, por mais difíceis que sejam, de cabeça erguida, certos que o com um novo dia renasce não somente o sol como nossa esperança.
   Perseguir meus sonhos. Conservar meus amigos. Lembrar sempre do que me é importante.E viver tão somente pela felicidade, a minha e das pessoas ao meu redor. Talvez essa seja fórmula do maior talento do mundo e possivelmente do mais acessível de todos. O que nos impede de ser feliz e o que nos permite ser é o mesmo fator: nós mesmos. Talvez esteja mais do que na hora de que todos nós nos deixemos ser cada dia mais e mais feliz.