A lua brilhava encantadora no manto escuro que ocupava as alturas, onde
faiscavam estrelas tímidas e singelas, cientes de sua pequenez diante da rainha
da noite. A lua era uma bela rainha, brilhosa, alta, imponente, mas que fazia
questão de não ofuscar as estrelas. O céu parecia, portanto, a mais bela joia,
um grande diamante, lindamente lapidado, envolto pelos mais belos e preciosos
cristais. Até as nuvens, tentando não atrapalhar a visão do lindo espetáculo, se
afastavam e acabavam por dissolver-se no horizonte, o deixando, à distância,
com um tom de lilás mais claro, contrastando com o roxo escuro, quase negro,
que parecia anunciar que o céu era infinito, tanto em tamanho, quanto em
beleza.
Da Terra, um garoto observava o céu encantado. Ele tinha os cabelos
bagunçados e os olhos de um intenso castanho voltados para o céu. Lembrara que,
uma vez, seu mentor lhe dissera que a lua não tinha luz própria, que ela apenas
refletia a luz que recebia do sol. Na época acreditara e deixara a história
findar por isso mesmo, pois já estava cansado e não queria discutir como seu
mentor descobrira aquilo. Mas se tivesse visto aquele céu – se o mentor tivesse
lhe dito isso, nesse exato momento, riria dele e exigiria todas as provas
possíveis. Como aquela lua, que brilhava de forma tão especial que parecia
guardar um segredo mágico, poderia apenas pegar emprestada a luz do astro rei?
Talvez seu mentor estivesse errado. Talvez ele nunca tivesse vislumbrado o
brilho da rainha.